Premiado ontem “Campeão do Mundo na Batalha contra a Fome”, pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) vinculado à ONU, o presidente Lula classificou como uma espécie de “milagre” as mudanças de comportamento produzidas no Brasil a partir dos programas sociais implantados por seu governo.

“O que fizemos foi garantir um pouquinho para muitos. Os pobres começaram a frequentar shoppings centers. É um dos milagres.”

Em discurso na abertura da Reunião Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, o presidente reafirmou que foram os brasileiros mais pobres das regiões Norte e Nordeste que permitiram ao país superar os efeitos da crise econômica mundial.

“Foi a capacidade de consumo dos pobres que fez a economia brasileira resistir à crise dos países ricos. Os pobres do Norte e Nordeste consumiram mais. As classe D e E do Norte e Nordeste consumiram mais do que as classes A e B do Sul”.

Segundo o presidente, em geral, depois de eleitos os políticos são cercados pelos ricos e esquecem os pobres.

“Normalmente somos eleitos pelos mais pobres, mas quando os políticos ganham as eleições, quem tem acesso aos gabinetes não são os mais pobres, são os mais ricos. Normalmente o orçamento é feito para aquelas pessoas que já estão organizadas. E, quando a gente vai ver, não sobra nada para quem não tem sindicato nem direito a protestar”.

“O BRASIL FAZ O QUE PREGA”

A diretora executiva do Programa Mundial de Alimentação da ONU, Josette Sheeran, que entregou o prêmio a Lula, destacou os programas brasileiros de incentivo à agricultura familiar como modelo a ser reproduzido em outros países. Ela observou que metade da população mundial faminta é formada por pequenos agricultores que não conseguem produzir para alimentar a própria família.

“Os programas que prestam atenção aos pequenos agricultores são muito importantes. E o Brasil tem programas nos moldes que pretendemos implementar no resto do mundo”.

Josette Sheeran destacou também a participação do Brasil em outros países, principalmente por meio da Embrapa, que tem trabalhado, no Haiti e na África, para desenvolver sementes adaptadas ao clima de cada região.

“Não é apenas levar alimentos ao Haiti, mas pensar na produção de alimentos. A Embrapa tem um papel gigantesco e o reconhecimento importante em todo o mundo no combate à fome, e é outra área que o mundo tem muito que aprender com o Brasil”.

Josette Sheeran justificou a premiação do presidente Lula dizendo que muitos governantes têm vergonha de falar sobre a fome no mundo, enquanto o Brasil, além de levar o tema aos principais fóruns de discussão, tem conseguido colocar em prática o que defende.

“O que me impressionou é que não é só um discurso, mas o Brasil está fazendo o que prega. É o país que mais tem evoluído no combate à fome, trazendo à tona bons programas”, afirmou.

Enquanto falava com os jornalistas, Josette Sheeran mostrou uma xícara que simboliza a campanha de combate à fome no mundo a fim de dimensionar o problema da falta de alimentos para as populações mais pobres do planeta.

“Hoje, uma em cada seis pessoas não consegue encher essa xícara de comida todos os dias”, disse.

O PMA é a maior agência humanitária do planeta e fornece alimentos a cerca de 90 milhões de pessoas por ano, a maioria crianças, em 80 países.

Fonte: Brasília Confidencial

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