“Somos responsáveis por guardar as arcas do tesouro. Mas, ao contrário dos piratas, não escondemos a riqueza na caixa de madeira. Somos piratas às avessas, pois nossa função é distribuir essa preciosidade para o maior número possível de pessoas. O que a arca contem? Livros.”

Assim o estudante Ranulfo Ribeiro Júnior define sua função de agente de leitura do programa Arca das Letras, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário que, desde 2003, já implantou em Minas Gerais 642 bibliotecas rurais, disponibilizando 106.000 livros para 53.000 famílias. Em todo o país, o programa atende 780.000 famílias com um acervo de 1,8 milhão de livros em 7.000 bibliotecas.

Morador em Massuas, às margens do rio São Francisco, Ranulfo é um dos 14.000 agentes voluntários que atuam no programa do Governo Lula.

“Fico feliz por ter sido escolhido o agente da comunidade. Há um ano trabalho com a alfabetização de adultos. Agora, além de ensinar a ler, posso indicar livros para que eles pratiquem o aprendizado da sala da aula. Ver um trabalhador rural, com as mãos calejadas do plantio de milho e feijão, saindo da biblioteca com uma enxada em uma mão e um livro na outra é uma cena emocionante. Ela mostra que estamos saciando a fome de leitura”, orgulha-se o agente da comunidade de Massuas.

A idéia do programa é muito simples. Após consultar os moradores sobre os temas que despertam maior interesse da comunidade, o MDA envia pequenos móveis-bibliotecas, as arcas das letras, que comportam cerca de 200 livros. A comunidade também escolhe os moradores que serão capacitados como agentes de leitura e que receberão, em suas casas, a biblioteca rural. Durante o treinamento, os agentes aprendem a cuidar dos acervos, controlar os empréstimos e realizar campanhas que incentivam a leitura e a doação de livros.

No município de Vau das Flores, o agricultor David Soares conta que a biblioteca mudou a rotina de sua família.

“Antes eu passava o dia na lavoura e à noite saía para encontrar com os amigos. Hoje, quando saio de casa para trabalhar, meus três filhos pedem que eu volte para ler um livro de estórias. Tenho esse compromisso com eles e comigo.”

Além de estimular a leitura nas comunidades rurais, o programa atua, em parceria com a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, no processo de capacitação de presos da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, no município de Imbapa.


O assessor do MDA no estado, André Martins, diz que os presos já produziram 190 estantes bibliotecas e que o material utilizado na confecção das arcas é fruto de apreensões de cargas de madeiras ilegais.

“É uma iniciativa muito importante porque, através deste trabalho, os detentos aprendem um ofício e reduzem o tempo de permanência na penitenciaria. Para cada 3 dias de produção, eles têm 1 dia de remissão de pena.”

Para doar livros ou inscrever sua comunidade no Arca das Letras, entre em contato com a coordenação do programa pelo endereço arcadasletras@mda.gov.br.

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