Cara companheira Sandra Starling,

Ao ler suas declarações dizendo que não participará da campanha da Dilma porque, em sua opinião, ela foi indicada por Lula “como se ele fosse um imperador”, não sendo ela “de ninguém, a não ser do presidente Lula”, me dei conta, com pesar, de como as distâncias e circunstâncias acabam por nos alhear, muito mais do que o permitido pela amizade, companheirismo e, sobretudo, por sua reconhecida e admirada capacidade política. Nenhuma ocupação, por maior que seja, pode nos fazer descuidar da demanda por sua ajuda e participação. Falo isso com um certo sentimento de culpa diante da clara desinformação da companheira acerca da construção coletiva da candidatura à Presidência da República da nossa conterrânea e companheira Dilma Rousseff. Só os nossos adversários atribuem ao companheiro Lula uma imposição de candidatura ao partido, algo que ele não teria condições de fazê-lo, como a companheira bem sabe, no ambiente petista.

Fiz parte de um grupo que desde antes do posicionamento do companheiro Lula, já preconizava o nome da Dilma para assumir a tarefa da candidatura à Presidência. Sei que eu fazia parte de um setor reduzido, muito centrado em Minas Gerais, que já acompanhava a trajetória de nossa pré-candidata desde suas lutas em Minas, sobretudo na faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, onde lá estavam os companheiros Fernando Pimentel e Aluísio Marques, a quem devo grande parte de minha porção política. Acompanhamos, todos nós - creio que a companheira também, mesmo que indiretamente – toda a trajetória da companheira Dilma em sua luta pela libertação do povo, até sua prisão, seu exílio e seu retorno. Posteriormente, o país inteiro testemunhou a trajetória inteiramente vitoriosa da companheira Dilma no governo Lula.

O companheiro Lula cumpriu seu dever ao lançar – isso mesmo, lançar, não impor- o nome ao coletivo partidário. Não tínhamos um nome natural nem um nome já construído na opinião pública, tínhamos que fazê-lo nós mesmos enquanto havia tempo. Lula propôs o nome com grande antecedência, através de discussões gerais em todas as instâncias partidárias e em todas as regiões do país. O resultado foi uma aceitação tranqüila junto à militância e à opinião pública. Não foi em decorrência de qualquer impedimento ou intimidação que outros nomes não se apresentaram como pré-candidatos, até porque são inúmeros os petistas que, tal como você, companheira Sandra, “não fazem parte desse PT submisso ao lulismo”. Outros nomes não surgiram simplesmente porque a nossa companheira Dilma emergiu e se firmou, para desgosto e frustração de nossos adversários, como o melhor nome, indiscutivelmente, para o PT e para o conjunto das forças progressistas que irão disputar e vencer as eleições, garantindo o avanço do mais fantástico processo de transformação popular já vivido por nossa geração.

O PED (Processo de Eleição Direta) do PT nos absorveu quase um ano de intensos e generalizados debates, culminando com a participação ativa de mais de meio milhão de petistas no país (50 mil só aqui em MG). Em nenhuma plenária, reunião ou debate que participei, ouvi militantes que discordassem do fato de ter sido, a candidatura da companheira Dilma, pautada pela ampla discussão, aprovada e aclamada.

Não há mais, companheira Sandra, nenhuma brecha para qualquer dúvida, seja ela por que motivo for, seja até por falta de alternativa melhor qualifica, se preferir, mas o fato é que a Dilma representa, legítima e democraticamente, a bandeira de lutas de todos, novos ou antigos, fundadores ou não, filiados ou simpatizantes. Ela representa rigorosamente todos os petistas coerentes com o partido e informados dos fatos como realmente são.

Aproveito para convidar a companheira para nossos encontros onde, fraternalmente, conversaremos sobre esses e outros temas de nossa luta comum para juntos reiterarmos nossos melhores esforços por uma nova sociedade no rumo da libertação social, econômica e política da humanidade. Que em 2010 possamos eleger a companheira Dilma e dar continuidade às políticas do presidente Lula.

Um carinhoso abraço

Virgílio Guimarães

PT Saudações.

Belo Horizonte, 06 de janeiro de 2010

2 comentários:

Ricardo e Elisa (Ouro Preto) disse...

Dá-lhe Virgílio, nosso hiper-mega-super articulador. Num momento difícil, assumiu a coordenação da campanha do Márcio Lacerda e do Roberto Carvalho. Faturou. Em momento também não muito fácil, assumiu a coordenação da campanha para a reeleição do nosso presidente estadual Reginaldo Lopes. Faturou de novo. É Dilma, Pimentel e Virgílio pro Brasil seguir em frente. Virgílio é mais PT. Queridíssima companheira Sandra, vem com a gente vc também, vem!

Sandra Fosque - Ouro Preto/MG disse...

Essa carta dirigida a Sandra, pode também ser de grande utilidade para que todos possamos refletir sobre o momento que estamos vivendo. Não estamos escolhendo um candidato simpático ou não aos nossos olhos, estamos sim escolhendo a continuidade ou não de um projeto que mudou nosso país, e mudou para melhor. Acho que essa carta será de grande valia principalmente aos diretórios municipais que ainda precisam de mecanismos de convencimento para votar no melhor ou na melhor.
Sandra Fosque

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